sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Resenha: Lolita - Vladimir Nabokov

 



Sinopse: Lolita é um dos mais importantes romances do século XX. Polêmico, irônico, tocante, narra o amor obsessivo de Humbert Humbert, um cínico intelectual de meia-idade, por Dolores Haze, Lolita, 12 anos, uma ninfeta que inflama suas loucuras e seus desejos mais agudos.
A obra-prima de Nabokov, agora em nova tradução, não é apenas uma assombrosa história de paixão e ruína. É também uma viagem de redescoberta pela América; é a exploração da linguagem e de seus matizes; é uma mostra da arte narrativa em seu auge. Através da voz de Humbert Humbert, o leitor nunca sabe ao certo quem é a caça, quem é o caçador.

Nabokov compôs a maior parte do manuscrito — que ele mesmo chamou de “bomba-relógio” — entre 1950 e 1953. Nos dois anos seguintes, ouviu recusas de cinco editoras norte-americanas (“pura pornografia”, disse-lhe uma). Em 1955, foi finalmente aceito por uma obscura editora francesa, a Olympia Press. Em junho, assinou o contrato; em outubro, recebeu os primeiros exemplares, cheios de erros tipográficos.
O livro inicialmente não foi bem-recebido; uma revista pensou em publicar trechos, mas foi desaconselhada por advogados. No início de 1956, sua sorte mudou. Graham Greene havia colocado Lolita entre os melhores livros de 1955 numa edição do Sunday Times. A repercussão cresceu; em agosto de 1958, foi finalmente publicado nos EUA. Em setembro, alcançou o primeiro lugar na lista de mais vendidos. O sucesso faria com que Nabokov deixasse de dar aulas para viver apenas de sua literatura.
“Num primeiro momento, a conselho de um velho e calejado amigo, tive a humildade de estipular que o livro deveria ser lançado anonimamente. Duvido que eu jamais vá me arrepender de pouco depois, percebendo o quanto a máscara tenderia a trair minha causa, eu ter decidido assinar Lolita”, escreve o autor no posfácio Um livro intitulado Lolita. No texto, escrito em 1956 para a edição americana, Nabokov faz esta e outras reflexões sobre sua motivação para escrever Lolita, a gênese da obra, a dificuldade para publicá-la e sua polêmica repercussão.

Sobre as acusações de imoralidade, o autor escreve: “Lolita não traz a reboque moral alguma. Para mim, uma obra de ficção só existe na medida em que me proporciona o que chamarei sem rodeios de prazer estético, isto é, a sensação de que de algum modo, em algum lugar, está conectada a outros estados da existência em que a arte (a curiosidade, a gentileza, o êxtase) é a norma. Não existem muitos livros assim.”
“Antiamericano” foi outro adjetivo atribuído à obra: “Isto é algo que me dói consideravelmente mais que a acusação idiota de imoralidade. (...) Considerações de profundidade e perspectiva (um gramado nos subúrbios, uma campina nas montanhas) levaram-me a construir uma variedade de cenários norte-americanos. (...) Só escolhi os motéis americanos em vez de hotéis suíços ou estalagens inglesas porque estou tentando ser um escritor americano e reivindico os mesmos direitos concedidos aos outros escritores americanos. (...) E todos os meus leitores russos sabem que meus velhos mundos — russo, britânico, alemão, francês — são tão fantasiosos e pessoais quanto o meu novo.”
Sua Lolita, segundo Nabokov, não foi inspirada em nenhuma personagem real, muito menos o sedutor de meia idade Humbert Humbert. "Lolita é ficção da minha imaginação. Quando pensei no tema, não pensei em nenhuma garota especificamente. Na verdade, eu não conheço meninas tão bem, apenas as havia encontrado socialmente ao longo da vida. Humbert também nunca existiu. É um homem que eu inventei, um homem com uma obsessão, assim como muitos dos meus personagens sofrem de algum tipo de obsessão. Enquanto eu escrevia o livro, vários casos de homens mais velhos perseguindo jovens garotas começaram a ser publicados nos jornais, mas eu encarava isso apenas como uma interessante coincidência", declarou o autor em entrevista a BBC inglesa concedida em 1962.
Mas uma das melhores definições da obra-prima é mesmo do próprio autor. Ainda no posfácio de 1956, Nabokov usa a seguinte metáfora para explicar sua relação com o livro mais famoso: “Todo escritor sério, atrevo-me a afirmar, percebe este ou aquele livro que publicou como uma presença permanente e reconfortante. Sua chama-piloto está sempre acesa em algum ponto do porão, e basta um toque aplicado a nosso termostato particular para provocar uma pequena e discreta explosão de calor familiar. (...). Não reli Lolita desde que revisei suas provas na primavera de 1955, mas o considero uma presença deleitável agora que ele paira discretamente pela minha casa, como um dia de verão que sabemos que está luminoso por trás do nevoeiro.”



''Lolita, luz da minha vida, fogo da minha carne. Minha alma, meu pecado. Lo-li-ta: a ponta da língua toca em três pontos consecutivos do palato para encostar, ao três, nos dentes. Lo. Li. Ta.

Ela era Lo, apenas Lo, pela manhã, um metro e quarenta e cinco de altura e um pé de meia só. Era de calças compridas. Era Dolly na escola. Dolores na linha pontilhada. Mas nos meus braços sempre foi Lolita.''
Com um dos maiores, se não o maior, romance do século XX, Vladimir Nabokov nos apresenta Lolita, através de seu personagem Humbert Humbert. Como descrever Lolita? Nos olhos de H. H. ela era única, delicada, provocadora, perfeita, insubstituível. Nos olhos do leitor quem sabe, ela era isso tudo e um pouco mais.

Tudo começa quando Humbert Humbert, um homem de uma idade avançada que tem uma certa paixão por garotas, se instala na casa de Charlotte Haze (mãe de Dolores Haze ou Lolita) para trabalhar como professor local e encontra atrativos na casa que passam longe de ser apenas na arquitetura. Vivendo um amor platônico, ou não, nosso narrador personagem enfrenta assuntos polêmicos que existem desde tempos remotos, para viver aventuras apaixonadas com sua ninfeta de 12 anos.

E lá vem a pergunta que sempre é feita: Então conta a história de um pedófilo? Leitores... Lolita NUNCA foi uma criança. Enganando Charlotte, eles vivem um romance fora do comum, até acontecimentos oportunos favorecerem esse amor incomum.

Viajando por todo o EUA, Humbert Humbert e Lolita saem numa aventura de amor x ódio. Com um final surpreendente, você entende como Nabokov tem todo esse renome. Recomendo MUITO Lolita que apesar de ser um clássico, deve ser lido por todo leitor. Uma obra prima! 

4 comentários:

  1. Achei bem legal você falar de Lolita aqui, é um livro que eu gostei muito. Também compartilho a mesma opinião que você: Lolita nunca foi uma criança.
    Foi uma leitura inesquecível, com certeza.

    Bjs
    LivroLab.blogspot.com

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    1. Gosto de falar sobre Lolita porque muitas vezes as pessoas tem opiniões nada condizentes com o livro. Mostrar que não é nada imoral ou decadente como muitos acham! Beijos.

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  2. É, Lolita realmente é isto. Consegui finalmente uma versão de capa azul num sebo de livros. Quase gritei quando finalmente encontrei a obra-prima. Amo Lolita, H.H, e até mesmo a Charlotte. Vladimir Nabokov merece ser reconhecido como o magnífico escritor que ele é.

    Fiquei conhecendo (e com vontade de ler) Lolita ao me deparar com algumas músicas da Lana Del Rey (Off to The Races, Lolita... ). Ela é uma genia, minha cantora favorita, e além disto, é também fã de Nabokov.

    Parabéns pela postagem, adorei a resenha.

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  3. Lolita, luz de minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra os dentes. Lo. Li. Ta.

    :)

    Raquel
    www.pipocamusical.com.br

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